APÓS 8/1 Gilmar Mendes diz que mídias sociais devem ser regulamentadas com urgência

Dois meses após os ataques golpistas à sede dos três Poderes, em 8 de janeiro, Gilmar Mendes defendeu a regulamentação urgente das redes sociais e a responsabilização das plataformas por eventuais envolvimentos nos atos antidemocráticos

O decano do Supremo Tribunal Federal falou sobre a regulação das redes sociais em um evento em comemoração aos 30 anos da Advocacia Geral da União (AGU) na ultima terça-feira (7/3), em Brasília.

“É fundamental que as plataformas sejam responsabilizadas pelas suas ações ou pelas suas omissões”, disse o ministro do Supremo, segundo a Folha de S.Paulo.

O Ministro citou exemplos de países em que há modelos de de regulamentação das mídias sociais, como a Alemanha, sem que a liberdade de expressão seja cerceada, e sim “utilizada com responsabilidade”.

Em sua fala, o ministro citou como “a mãe de todas as batalhas” ações que questionam o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que diz que a palavra final sobre o que é ou não lícito nas plataformas é sempre do Judiciário, já que as empresas não podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros se não descumprirem decisão judicial de remoção.

O ministro destacou os atos golpistas do dia 8 de janeiro, afirmando que é necessário responsabilizar mais do que os “zumbis” que participaram dos ataques, mas principalmente quem os incentivou.

Antes dessa fala de Gilmar, o ministro Alexandre de Moraes, que é relator dos inquéritos relacionados aos atos golpistas do dia 8, também defendeu a regulamentação das redes.

Segundo Alexandre, apesar dos ataques, a democracia tem saído vitoriosa nesses quase 35 anos de Constituição. “Um país só sobrevive a crises quando as instituições são maiores do que as pessoas que ocupam os seus cargos”, disse.

Também presente no evento, o advogado-geral da União, Jorge Messias, reiterou discurso em prol da criação da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia.

“Se havia dúvida sobre a relevância da criação de uma unidade como a PNDD, ela foi, em grande medida, afastada com os atos criminosos ocorridos no último dia 8 de janeiro, na praça dos Três Poderes, em Brasília”, afirmou.

“A barbárie protagonizada nessa fatídica data, com a destruição dos prédios-sede dos Poderes da República e de objetos de valor inestimável, mostrou o quanto é necessário que o Estado possua uma estrutura que dê respostas e cobre responsabilidades pelas violações de bens jurídicos de alto valor social”,

“Estou seguro de que os ataques realizados no dia 8 de janeiro são consequência direta dos discursos de ódio e das mentiras deliberadas divulgadas por diferentes canais de comunicação, em especial pelas redes sociais.”

A Procuradoria de Defesa da Democracia tem como principal objetivo atuar em nome da União em demandas de resposta e enfrentamento a desinformações sobre políticas públicas. As especificidades da sua atuação ainda estão em discussão.

Quando foi anunciada, no dia 2 de janeiro, parlamentares de oposição a viram como um aparato do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para promover patrulhamento e censura. Messias rebateu e disse que não cerceará “opiniões, críticas ou atuará contrariamente às liberdades públicas consagradas na Constituição”.